Verão Danado
Estreia:
de Pedro Cabeleira
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Catálogo/s:
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Catálogo Risi Film
Catálogo/s:
Portugal , 2017, 128', Classificação M/16
com Pedro Marujo, Lia Carvalho, Ana Valentim, Daniel Viana, Sérgio Coragem, João Robalo
Tardes de ócio infinito, drogas, desamores, ambientes psicadélicos imersos nas vibrações da música. Um ímpeto de adrenalina; Lisboa como pano de fundo de uma juventude à deriva.
Estamos no princípio do Verão e Chico acabou a faculdade. Sem grandes perspectivas e com as férias por diante, começam as brincadeiras, os jantares, as festas e as noitadas. A música acompanha Chico nestas tardes de ócio, drogas, desilusões amorosas e momentos psicadélicos. Verão Danado é um ímpeto de adrenalina com Lisboa como pano de fundo de uma juventude à deriva.
Festivais e Prémios:
Festival de Locarno - Menção Especial do Júri por Verão Danado
Lisboa & Estoril Film Festival - Competição Internacional
Festival de Rio de Janeiro - Seleção Oficial
Festival de Mar del Plata - Seleção Oficial
Ficha técnica:
Realização Pedro Cabeleira
Argumento Pedro Cabeleira
Produção Pedro Cabeleira, Marta Ribeiro & Abel Ribeiro Chaves
Direcção de Fotografia Leonor Teles
Montagem Rúben Gonçalves
Mistura Tiago Raposinho
Produção OPTEC FILMES
Produção Associada VIDEOLOTION
Vendas, Distribuição Internacional & Festivais Slingshot Films
Com:
CHICO Pedro Marujo
MARIA Lia Carvalho
TÂNIA Ana Valentim
TELMO Daniel Viana
NANDO Sérgio Coragem
QUARTAFEIRA João Robalo
HÉLDER Luís Magalhães
CATARINA Maria Leite
CARLOTA Ana Tang
MIGUEL Rodrigo Perdigão
GALÁXIA Eugeniu Ilco
CLARA Cleo Tavares
THIERRY Isac Graça
"Um filme de ganas. (...) Estamos num filme — haja um assim — que não quer ser gentil nem bem-comportado, entregue ao ócio e ao hedonismo, a uma frustração combatida pela euforia do momento. E sabemos ao que é que tudo isso soa na tradição do cinema português: soa a revolução."
Francisco Ferreira, Expresso
"Verão Danado fala da juventude portuguesa de uma forma rara.” (...) Talvez seja uma atitude punk tardia, mas é uma que está a abrir horizontes e
linguagens no cinema português." André Santos, Observador
"Uma das melhores primeira obras do cinema português em muitos anos." Rui Pedro Tendinha, Diário de Notícias
"Retrato da geração que é a sua naquele tempo entre o que foi a universidade e o que será a vida adulta." Cláudia Sobral, Jornal I
"É um trabalho de amor e paixão, não só de Cabeleira, dos seus amigos e conhecidos, mas também dos 150 actores que se revezam em frente à camera. (...) Um filme que mergulha no tópico da "geração perdida" dos países europeus contemporâneos atingido por severas medidas de austeridade como Portugal ou a Grécia." Martin Kudlac, Screenanarchy
"Um filme sem muitas pretensões, mas não, por isso, simples. (...) Cabeleira estende-os ao espasmo, dirigindo os actores com uma enorme carga de
sinceridade e lançando feitiços que imortalizam a sua própria autonomia." Alvise Mainardi, Non Solo Cinema
Pedro Cabeleira nasceu em 1992 e cresceu no Entroncamento, Ribatejo. Viveu, durante a infância, entre o mundo do futebol e outros sonhos e fantasias, cruzamento de coexistência entre heróis imaginários e personagens excêntricas. A ingenuidade emocional não se apagou; antes, ramificou-se num fascínio mais complexo pelo ser humano, por histórias e pela dimensão técnica do cinema. Os bastidores dos filmes que o afectavam, emocional e sensorialmente, tornaram-se, ao mesmo tempo, magnéticos. Durante este período de descoberta, Pedro teve a oportunidade de realizar duas curtas-metragens que o colocaram em contacto, pela primeira vez, com material fílmico. Momentos que se tornariam essenciais para experimentar e para ganhar noções técnicas e comunicacionais, acerca das possibilidades e perspectivas de trabalhar com os recursos limitados que se lhe eram impostos. Em 2010, decide conceder à arte e à imaginação a hipótese de lhe regular o destino, ao ingressar na licenciatura em Cinema na Escola Superior de Teatro e Cinema (ESTC), que terminaria no ano de 2013, na especialização de Realização. Ao longo do seu percurso académico trabalha em vários projectos que lhe dão experiência no trabalho de equipa e nas técnicas cinematográficas em diferentes áreas como montagem, imagem, realização ou produção. Estes processos tornar-se-iam basilares para aprofundar o fascínio que tinha pelo cinema e pelos seus processos de criação e desenvolvimento, em termos narrativos, artísticos, organizativos e técnicos. Esta curva de desenvolvimento e conhecimento foi sendo apreendida de forma pautada ao longo do curso, e através da qual ele ganharia conhecimento sobre os temas e métodos de trabalho que pretende abordar, que estética está mais próxima de si e quais as fórmulas a encontrar para explorar, na sua plenitude, o seu próprio cosmos cinematográfico. Enquanto está na ESTC, tem a oportunidade de trabalhar com uma nova vaga, emergente, de jovens actores, repletos de talento e energia, e com os quais compreende que a sua experiência académica foi, essencialmente, um terreno de partilhas e de contacto com pessoas com os mesmos interesses; ebulição de novas ideias, discursos e abordagens de uma nova geração de cineastas. Como projecto académico final, Pedro realiza a curta-metragem Estranhamento, onde trabalha ambiências peculiares, a partir de uma imagética onírica e hipnótica. O filme foi essencial para o seu desenvolvimento como cineasta, em termos de liderança e organização do elenco e da equipa, e no seu desenvolvimento no trabalho de realização. A experiência de desenvolver um filme ambicioso como o Estranhamento revelou-se importante para preparar para desafios de realização mais exigentes. Após estas experiências, Pedro inicia Verão Danado, a sua primeira longa-metragem; o seu projecto mais ambicioso como realizador, onde experimenta técnicas mais livres de improvisação e explora um tema mais próximo ao seu próprio contexto, trabalhando com mais de cem actores, com quem teve a oportunidade de se cruzar na escola e com uma equipa constituída unicamente por colegas dos seus tempos de escola. O filme encontra-se, agora, na fase de distribuição. Ao mesmo tempo, forma a produtora VIDEOLOTION, juntamente com colegas da Escola de Cinema. Foi, através desta estrutura, que produziu Verão Danado e na qual tem vindo a dar os primeiros grandes passos no mundo do cinema, não se restringindo ao mundo da realização, mas começando a ter um papel activo na produção de outros cineastas da sua geração, entre os quais Marta Ribeiro, com o filme crês ser, actualmente em produção, e João Eça, com o projecto Frágil, em fase de pós-produção, duas longas-metragens. Está de momento a desenvolver o seu novo projecto, Entroncamento e a arrancar com a pré-produção de uma série de novos projectos de jovens realizadores.
SOBRE O VERÃO DANADO
Uma Geração De Experiências
Tinha 21 anos e havia terminado a minha licenciatura há pouco menos de um ano. Nessa altura propus-me a viver um filme com mais uma série de pessoas da minha geração. Começava a habituar-me a uma ideia de ausência de rotina e ia-me adaptando, aos poucos, a uma fórmula de vida precária e instável. Tinha-me formado academicamente, mas emocionalmente ainda me estava a formar. É uma fase em que começamos a perceber e a lidar com aquilo que vamos fazer durante o resto das nossas vidas e com quem a queremos passar. Eu e todos os meus amigos vivíamos uma espécie de contradição, o facto de estarmos numa espécie de limbo aborrecia-nos, mas ao mesmo tempo estávamos cheios de energia e sentíamos necessidade de a gastar a toda a hora. Isso proporcionou experiências únicas, de extremos, em que ora gritávamos de alegria, ora de frustração. E na altura, para mim, não havia nada mais belo do que ver os nossos corpos a vibrarem com a fúria da idade, mesmo sem grandes objectivos que nos estimulassem. Foi este misto de emoções, sensações e, por vezes, apatia, que me levou a querer fazer este filme.
Não havia nada mais cinematográfico do que a nossa forma de viver na altura. Avancei para uma ideia que fosse o mais fiel possível a uma ideia de vida coral, ou seja, em que se saltava de uma pessoa para outra e para outra, e depois para um grupo e para outro grupo e para onde estas pessoas se
misturavam, criavam teias, e se moviam tão agitadamente como átomos no interior de uma célula, onde os padrões se alteravam consoante o contexto.
Este filme tinha de ser uma injecção de adrenalina, as vibrações de toda esta energia tinham de pulsar à frente e atrás da câmara. Era crucial sentirem se as respirações deste mar de gente. Foi sobretudo a forma que tinha para fazer cinema na altura, não havia dinheiro, mas havia emoções, sensações e experiências que queríamos partilhar. Isso estava ao meu alcance, só precisava de mim, da ajuda dos meus amigos e de um leque enorme de jovens e talentosos actores para se procura fazer o mais possível com todas as limitações que nos rodeavam, com tão pouco. E era possível ter impacto com coisas simples; com um grupo de amigos a jogar futebol; com o rosto de uma miúda a apaixonar-se e a fechar os olhos a dançar uma música icónica, que sobrevive ao tempo; ao sentir-se a força de uma rave; a entrar pela primeira vez num after. Mas o maior impacto teria de vir da alma dos personagens.
Lisboa era o pano de fundo destes jovens inquietos e o Verão era a estação na qual todos floresciam. No entanto, sinto que esta geração, a minha, teimava em amadurecer. Verão Danado é um filme que não tem a ambição de representar toda a juventude nem todas as tendências do momento, mas acima de tudo é um filme que foi criado no seio de jovens, sobre os jovens, onde expusemos a nossa forma de viver e de ver o mundo naquele momento, tudo aquilo que nos fascina e tudo aquilo que nos destrói