Il Vangelo Secondo Matteo

O Evangelho segundo São Mateus

Estreia:

de Pier Paolo Pasolini

França, Itália, 1964, 137', Classificação M/12, Drama, História

com Enrique Irazoqui, Susanna Pasolini, Marcello Morante

Festivais e Prémios:

Venice Film Festival 1964 Prémio Especial do Júri e Prémio OCIC

Academy Awards 1967  Nomeação para3 Óscars: Melhor Guarda-Roupa, Melhor Música e Melhor Direcção de Arte

Black-and-White Academy Awards 1967 

National Board of Review 1967 BAFTA Awards 1968 - Nomeação UN Award

Cahiers du Cinéma 1965 Nomeação Melhor Filme
Italian National Syndicate of Film Journalists 1965 Vencedor 4 prédios: Melhor Filme, Melhor Fotografia, Melhor Guarda-roupa, Melhor
produção, Melhor Design de Produção

Ficha técnica:

Realizador Pier Paolo Pasolini

Argumento Pier Paolo Pasolini

Fotografia Tonino Delli Colli

Música Luis Bacalov

Montagem Nino Baragli

Produção Alfredo Bini

Distribuição em Portugal Risi Film

“Obra singela e vorazmente honesta, filmada com uma simplicidade extrema.” Luis Martínez, El País

“O Evangelho Segundo São Mateus [é um] confronto retumbante entre as aporias do marxismo e do catolicismo e, também, um dos títulos maiores de toda a história do cinema.” João Mário Grilo

“O melhor filme sobre Cristo, para mim, é O Evangelho Segundo São Mateus, de Pasolini. Quando era jovem, queria fazer uma versão contemporânea da história de Cristo ambientada em habitações públicas e nas ruas do centro de Nova Iorque. Mas quando vi o filme de Pasolini, percebi que esse filme já tinha sido feito.” Martin Scorsese


Nasceu em Bolonha, a 5 de março de 1922.
Foi espancado até à morte em Ostia, nos arredores de Roma, a 2 de novembro de 1975. Está sepultado em Casarsa.


Em Fevereiro de 1969, escreveu o seguinte texto autobiográfico:
«Nasci em Bolonha. Tenho 46 anos. Sou escritor-cineasta. Depois da universidade, estreei-me com a publicação de um livro de poesia, aos 20 anos. Fui professor de Letras. Dirigi revistas literárias. Escrevi livros. Fiz filmes e acabo de começar uma nova actividade, a de jornalista, colaborando num semanário onde escrevo regularmente uma crónica. Há 18 anos, cheguei a Roma e a minha situação obrigou-me a viver nos bairros pobres da capital.
Traumatizado pela vida dos subúrbios, escrevi os meus dois primeiros romances sobre este tema. Pediram-me, em seguida, para colaborar em argumentos de filmes que tinham como fundo estes bairros miseráveis. Especialmente Fellini, para As Noites de Cabíria.
Em 1961, realizei o meu primeiro filme, Accattone, com desconhecidos. Alguns espectadores fascistas atiraram ovos podres e frascos de tinta para os ecrãs de Roma, durante a sua projecção.
Rodei então, com Anna Magnani e Franco Citti, Mamma Roma; uma queixa, com a intenção de fazer apreender o filme, foi apresentada no Tribunal de Veneza, durante o Festival onde ele representava oficialmente a Itália.
Realizei La Ricotta, um episódio do filme Rogopag, contra o qual uma queixa foi apresentada em Roma, queixa que se apoiava num artigo do código fascista, e o filme foi apreendido. Fui condenado a quatro meses de prisão com adiamento.
No recurso, o Procurador-Geral da República retirou a sua queixa. Diga-se que, entretanto, realizei O Evangelho Segundo São Mateus, que foi escolhido para representar a Itália no Festival de Veneza, onde foi galardoado com o Grande Prémio do Office International du Cinéma. Em Cannes, em 1966, mais uma vez seleccionado oficialmente pela Itália, apresentei Uccellacce e Uccellini, com Totò e Ninetto Davoli, que é o filme de que eu mais gosto, pois é o mais puro e o mais pobre.
No ano seguinte, apresentava no eterno Festival de Veneza Edipo Re, cujo sucesso recebido, tanto por parte da crítica como do público, me encheu de felicidade.
O meu último filme, Teorema, mais uma vez em Veneza, recebeu o Grande Prémio do Office Catholique du Cinéma. Mas, apesar deste prémio, apesar de um acolhimento caloroso e reconfortante da crítica internacional e especialmente francesa (exceptuando a crítica fascista), isso não impediu, mais uma vez, que as queixas fossem apresentadas, sob o pretexto de obscenidade.
Fui julgado em Veneza. Arrisquei-me a vários meses de prisão. Fui finalmente absolvido.
Disseram-me que tenho três ídolos: Cristo, Marx e Freud. Não são mais do que fórmulas. De facto, o meu único ídolo é a realidade.
Se escolhi ser cineasta, ao mesmo tempo que escritor, foi porque, mais do que exprimir esta realidade pelos símbolos que são as palavras, preferi o meio de expressão que é o cinema: exprimir a realidade pela realidade».


Pier Paolo Pasolini, 1969